sexta-feira, outubro 29, 2010

Meus preferidos da competição internacional do CurtaCinema 2010

Fiz uma lista das coisas que mais gosto aqui abaixo, comentando brevemente, e com a uma legenda meio esquisita: verde em negrito são os totalmente imperdíveis, laranja em negrito são os que curto muito, e laranja sem negrito são os que recomendo mas não me arrebatam totalmente.


Caixa Cultural 1 > 30/10/2010 > 14h30

Odeon Petrobras > 29/10/2010 > 17h30

Sa nara, Ina Holmqvist, Emelie Wallgren - Suécia/Sweden

Polterabend, Friedl vom Gröller (Friedl Kubelka) - Áustria/Austria

Lisboa-Província, Susana Nobre - Portugal/Portugal : tem interesse, ficção que flerta com doc, mas que inteligentemente não se decide. Final lindão.

Rendez-vous à Stella-Plage, Shalimar Preuss - França/France: Belíssimo filme narrativo. Se estiver passando em película (a cena principal é bem escura) é absolutamente imperdível.

GREEK SALAD, Jean-Claude Taki - França/France: filme ensaístico absolutamente godardiano e que consegue se safar muito bem dessa grande sombra.



Caixa Cultural 1 > 29/10/2010 > 12h30

Odeon Petrobras > 31/10/2010 > 17h30

La Carte, Stefan Le Lay - França/France

Pickpocket, João Figueiras - Portugal/Portugal: Meu filme português preferido da competição.

Old Fangs, Adrien Merigeau - Irlanda/Ireland

Shanab, Meqdad Al Kout - Kuwait/Kuwait

The cow who wanted to be a hamburger, Bill Plympton - EUA/USA. The Wall ao contrário, e muito mais divertido

La Prévention de l'usure, Gilles Charmant - França/France



Caixa Cultural 1 > 2/11/2010 > 14h30

Odeon Petrobras > 1/11/2010 > 17h30

Derby, Paul Negoescu - Romênia/Romania

Benigni, Jasmiini Ottelin, Pinja Partanen, Elli Vuorinen - Finlândia/Finland

Namibya sehir iken..., Ilker Catak, Johannes Duncker - Alemanha/Germany:

All restrictions end, Reza Haeri - Irã/Iran: Sem dúvida, um dos destaques da comeptição. Outro filme ensaístico. O melhor filme sobre roupa (?) que vi em muuuito tempo. E deve ser difícil de conseguir ver de novo. Certamente, o grande filme Político (com "P" maiúsculo) da competição.



Caixa Cultural 1 > 3/11/2010 > 14h30

Odeon Petrobras > 2/11/2010 > 17h30

Vanishing point, Joseph Hyde - Inglaterra/England: segura a fronteira enre a figuração e abstração de uma maneira muito precisa, gosto bastante do filme.

EL JUEGO, Naishtat Benjamin - França-Argentina/France-Argentina: Cria bom clima

Pour toi je ferai bataille, Rachel Lang - Bélgica/Belgium: belíssimo "filme de menina". Dá um nó na fofura fácil.

Tord och tord, Niki Lindroth von Bahr - Suécia/Sweden

La guitare de diamants, Frank Beauvais - França/France: Filme indie do mato. Acho bonito pra caralho. Boy meets girl com folk bonitão. Da competição, esse é o "filme-que-eu-gostaria-de-ter-feito".



Caixa Cultural 1 > 4/11/2010 > 14h30

Odeon Petrobras > 3/11/2010 > 17h30

Corridor, Patrik Jolley - Índia/India: Não sei de que planeta é esse filme. Mas fico com muito medo de ir lá.

All flowers in time, Jonathan Caouette - Canada/EUA-CANADA / USA

The External World, David O'Reilly - Alemanha/Germany: humor acidaço e anárquico. Curti bastante mesmo.

Revenge : Bowling Ball; Bottle of Champagne; Hammer , Lernert e Sander - Holanda/Netherlands

The tiger, Mike Kuchar - EUA/USA: Não vou falar nada. Veja isto. De coração aberto.

Slam Video Maputo, Ella Raidel - Áustria-Moçambique/Austria-Mozambique: melhor making of da história. Feelgood incontornável, e com piada contendo a palavra "paracetamol" dita com sotaque lusitano.



Caixa Cultural 1 > 5/11/2010 > 14h30

Odeon Petrobras > 4/11/2010 > 17h30

ELECTRIC LIGHT WONDERLAND, Susanna Wallin - Inglaterra/England: Outro da categoria "gostaria de ter feito". Imperdível

A History of Mutual Respect, Daniel Schmidt, Gabriel Abrantes - Portugal/Portugal: Outro belo óvni. Só que nesse planeta dá vonrade de ir. Filme com maior quantidade de quotes geniais da comepetição. E alto índice de feelgood.

Intervalo, Nelson Mabuie - Moçambique/Mozambique

Old Heart, Anocha Suwichkornpong - Tailândia/Thailand

Coming attractions, Peter Tscherkassky - Áustria/Austria: Se passar em película, provavelmente será a maior experiência que se pode pasar nesse festival. Filme de arquivo feito de pura glicerina. Assombroso.



Caixa Cultural 1 > 6/11/2010 > 14h30

Odeon Petrobras > 5/11/2010 > 17h30

Beethoven Grandes Éxitos, Juan Ponce de Léon - Uruguai/Uruguay

Le rescapé, Aurélien Vernhes-Lermusiaux - França/France: filme de terror meio de arte, no mato e com criança. Curto bastante.

If there be thorns, Michael Robinson - EUA/USA: Outro filme-ensaio. Mais lírico do que Greek salad e com uso do texto muito preciso.

Everyday Madonna, Nadim Asfar - Líbano/Lebanon: Outro filme pra ir de coração aberto. Las-bás pop.

terça-feira, abril 13, 2010

48, de Susana Sousa Dias (Portugal, 2009) e o "rigor"



Crítica minha na Cinética, colaborando na cobertura do É Tudo Verdade 2010.

***

Este filme me fez pensar em muitas coisas que acho importantíssimas. Foi bem parecido com a peça "Corte Seco" neste sentido: bom pra conversar e ruim pra assistir (apesar de que acho que o filme ganha neste quesito, é um pouco menos chato). No caso do 48, me vem uma palavra que tá sempre no discurso da crítica em geral (em geral mesmo) em relação a certos tipos de filmes, ou de atitudes e características contidas dentro de certos filmes: rigor.

Vendo os planos fixos do James Benning no "Ruhr" (2009), pensei que provavelmente essa palavra vai estar na maioria das críticas que serão feitas do filme (na verdade, não sei se serão feitas, porque saíram umas 100 pessoas da sala, fizeram aquelas gracinhas de sempre pra chamar atenção, o incomodados com uma coisa com a qual não se consegue se relacionar - o que não tem nenhum problema em si, é só ir embora - foi gerando as piroes reações, atrapalhando quem tava na viagem. Sim, moramos na maior cidade pequena do Brasil. O problema é achar que somos metropolitanos, cosmopolitas e tal...).

O que é "rigor"? Recorro ao Houaiss:

n substantivo masculino 1 rijeza material, física, ausência de flexibilidade, de maleabilidade; rigidez, dureza, inflexibilidade Ex.: 2 Derivação: por metáfora. grande severidade (de princípios, de moral etc.); demasiado escrúpulo; austeridade Ex.: o r. da educação religiosa 3 falta de tolerância; intransigência Ex.: o r. do chefe com relação aos funcionários 4 crueza, rudeza nas atitudes, no trato com os demais, falta de candura; aspereza Ex.: era um homem de grande r. nos relacionamentos, mesmo com familiares e conhecidos 5 persistência, determinação na realização de empreendimentos, em decisões etc.; tenacidade Ex.: estudioso de muito r. em suas pesquisas 6 comportamento que denota essa persistência; obstinação 7 exatidão extremada; retidão, precisão Ex.: o r. do julgamento 8 grande intensidade (de um fenômeno) Ex.:

Enfim, há problemas na eleição do rigor como qualidade acima de qualquer suspeita. A maior delas é que ele só se aplica a certos perfis de obras que lidam com uma certa idéia de austeridade com o público. Nunca vi alguém falar do rigor de "Cantando na Chuva", de "Clube dos Cinco" ou de "Iracema". Esta "estética do rigor" só se aplica a esta superfície séria, me parece. Ela se refere a uma atitude sisuda em relação ao mundo. E acaba assim, pressupondo uma moral bastante limitada pra arte. A exatidão e a precisão, que esta idéia carrega em si, se aplicam obras onde isto é muito perceptível como tema, obras que tendem a uma idéia de reflexividade das formas à la cinema moderno, raciocínio este que se estabelece através da crítica ao espetáculo via Debord e turminha. A idéia de rigor não comporta o humor. Não comporta a destruição de si mesma, o riso do seu prórpio ridículo como obra (face essa que toda a obra contém), a sua arbitrariedade absoluta. Visa uma espécie de segurança de discurso.

Enfim, acho que esta defesa do rigor esconde uma grande preguiça ligada a certos procedimentos formais (câmera parada, ausência de trilha sonora, planos alongados, gente que não ri, enfim: falta de diversão) que acaba mais por funcionar na distinção de quem "pertence ao meu clube dos emburrados", e , na verdade, quem se encaixa nestes meus pré-requisitos que me permitem olhá-lo. O discurso do rigor funciona muito por esta tabelinha de procedimentos que nos fazem permitir ou não olhar para uma obra a partir do que ela mostra, além de adotar um ponto de vista cristão-ascético bastante esquisito "vi-bresson-semana-passada".

Enfim, acho que o 48 é um exemplo bastante ajustado a isso. Os comentáros que vi acerca do filme antes de escrever o texto pareciam comentários de sinopse, anteriores ao filme, escritos ao saber que o filme só mostra fotografias paradas, que duram vários minutos cada uma, e que trata de um assunto sério (o mais de todos no documentário: regimes políticos autoritários). Nada melhor para a turma dos rigorosos: tema "importante" com "procedimentos de vanguarda"? Pode premiar.

terça-feira, março 23, 2010

Notas rápidas pra desafogar momentaneamente o pensamento


  1. Álvaro machucado e Maldonado voltando. Agora sim os botafoguenses podem nos chamar de cagões.
  2. Acho realmente que este time promete. Mas prometer tem um limite. O limite é nas oitavas da Libertadores.
  3. Uma coisa que acho bacana, nem lembro se coloquei também no post abaixo é a "geração" que se consolidou com Léo Moura, Juan e Bruno, e Angelim também, talvez também o Toró. Já estão na história. Mas caso a gente ganhe algum título no primeiro semestre o lugar de maiores vencedores pós-Zico tá muito assegurado.
  4. Messi tá bem bizarro. Esse Barça e Arsenal é compromisso de qualquer um que se importe com o futebol. Está em jogo o que o futebol pode ser hoje. Vi o último jogo do Barça, parece outro esporte.
  5. Acho o Dorival Júnior um grande técnico. E me parece que ele está plantando uma filosofia bacana, principalmente com o Ganso, de marcar também. Corre sério risco de virar craque. É uma pena que a imprensa esportiva no Brasil só goste de fofoca e não de tática. Uma pena, porque há muito o que falar disso. Esse time do Santos joga isso na cara da gente.
  6. Fico pensando se o Fla poderia escalar às vezes o Vinícuis de 3° homem no meio às vezes, jogando com o Pet mais à frente. Acho que no estadual rola. Esse time, há muito tempo, tem um grande potencial de movimentação, porque tem muita gente com recursos. Não sei se o Andrade investe muito nisto. Se organizasse um bom rodízio no ataque poderia virar um time muito forte, passando às vezes, Williams, Léo, Juan, Kleberson...
  7. Voltando a Argentina: na frente eles tem uns 6 jogadores (mais o Conca) que entrariam de titulares no Brasil, molezinha, molezinha. Admiro muito o futebol dos argentinos.
  8. Procura-se deseperadamente uma crítica que aborde de frente o novo filme do Resnais. Aquilo parace ser de outro planeta.
  9. É engraçado como se parece um pouco com o Tarantino, pelos grandes "talking pieces", e esse enorme prazer de falar. Vejo isso muito pouco no cinema brasileiro.
  10. James Gray virou uma grande sombra que não me sai da cabeça. Vou ver o Little Odessa e escrever alguma coisa aqui. "Os Donos da Noite" me afetou de uma forma como há muito tempo um filme não me afetava. Me fez no mínimo me lembrar do quão foda é a mitologia grega. E me transformou numa espécie de autômato, me causou reação física imediata. Bizarro.
  11. Fudeu. Aprendi realmente a gostar do BBB e admirá-lo. A Maroca e a Lia em silêncio depois do último paredão foi sinistro, um dos melhores finais de teledramaturgia em muito tempo (não vejo séries...). E os textos do Bial são certamente a melhor coisa que ele já escreveu na vida (é ele que escreve mesmo?)
  12. Blanchot voltou a me rondar: só um trechinho de um diálogo do "Conversa Infinita vol.1" (alô Editora Escuta, cadê o vol. 3???):
- Escrever, não é expor a palavra ao olhar. O jogo da etimologia corrente faz da escrita um corte, um dilaceramento, uma crise.
- Um simples lembrete: o intrumento adequado da escrtra era o mesmo da incisão: o estilete

-(...) Falar, como escrever, nos engaja pois num movimento de separação, uma saída oscilante vascilante.
- Ver também é um movimento.
- Ver supõe apenas uma separação compassada e mensurável; ver é sempre ver à distância, mas deixando a distância devolver-nos aquilo que ela nos tira.
- A visão se exerce invisivelmente numa pausa onde tudo se mantém. Vemos apenas aquilo que primeiro nos escapa. em virtude de uma privação inicial, não vendo as coisas demasiadamente presentes nem tampouco se há premência na nossa presença às coisas.
- Mas não vemos o que está demasiadamente longe, o que nos escapa pela separação do longínquo.
- Existe uma privação, uma ausência, graças à qual realiza-se o contato. O intervalo não impede aqui, pelo contrário, permite a relação direta. Toda relação de luz é relação imediata.
- Ver então é perceber imediatamente ao longe.
- ... imediatamente ao longe e através da distÂncia. Ver, é servir-se da separação, não como mediadora, mas como meio de imediação, como i-mediadora. Neste sentido, também, ver é ter a experiência do contínuo, e celebrar o sol, quer dizer, além do sol: o Uno.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Flamengo 2 - 0 Universidad Católica 23/02/2010


Achei a estréia mais animadora do que pensava. Depois do jogo contra o Botafogo, fiquei com o alerta-salto-alto aceso. Mas acho que o time acabou tendo atitude, apesar de estar longe do que ainda pode render. Mas esses pontos foram fundamentais e os destaques foram animadores.

M. Lomba: seguro quando acionado. Me convenceu. E ainda por cima não parece ser da escola de presepagem do Bruno. (presepagem é um assunto sério nesse time atual. Fico muito preocupado com um lance que marca muito este time que é o último homem, geralmente laterais, quando marcados na linha de fundo defensiva, fingem o chutão e saem jogando. Se eu fosse o Andrade, proibiria. A tiração de onda não vale o perigo)

Léo Moura: melhor jogo dele no ano. Destaque da partida. Ele pode até estar irregular (e acho que está, mas tremer ele não treme). O medo é de subir à cabeça.

Fabrício: outro destaque. Gostei. Tranquilo, preciso. Acho que o Angelim vai demorar um pouco a voltar. Pro elenco, é ótimo, temos mais um zagueiro.

Álvaro: O Fil foi o primeiro, acho, a desconfiar, e agora engrosso esse coro. Além de não ser um bom jogador, me parece muito desagregador e tem um discurso bastante esquisito. No Big Brother, não durava um paredão.

Juan: Estye ano estou muito preocupado com ele. Sinto uma indisposição muito grande na torcida em relação ao Juan. Como se ele estivesse devendo. Acho que não está. E mesmo se estivesse é ingratidão não lembrar como há pouco ele levava o time nas costas. É um dos marcos dessa geração atual (no bom e no mal sentido). Não treme nunca em decisão e sempre chama a responsabilidade. É que tem o melhor cruzamento do elenco, não perde a bola no ataque (na defesa, às vezes, e isso sim irrita). Toma muitas faltas importantes. Quando entrosar mais com Vinícus e Love, acho que vai dar caldo.

Toró: Se virou bem. Não comprometeu e virou um leão ao ficar sem o Williams. O segurou a onda da botinada. Boa partida.

Kleberson: jogou razoavelmente bem, marcanbdo como poucas vezes vemos. Fico feliz que ele ainda saiba. É preciso aceitar seu estilo "aparece-desaparece". Vale à pena.

Vinícius: uma das partidas menos inspiradas deste que acho o melhor jogador do time neste ano. Não comprometeu, mas podia ser mais incisivo. O reconfiguração do meio com a expulsão o atrapalhou, ficando fora de posição.

Love: continua demonstrando muita raça e isso ganha qualquer torcedor. Falta calma e preecisão pra finalizar. Deu exemplo na marcação no 1º tempo.

Adriano: visivelmente longe da forma do ano passado, mas ainda fazendo difereneça. Perdeu muitos lances, mas é peça essencial na abertura de espaços na defesa adversária.

Everton: gosto muito dele. Hoje, o de sempre: muita disposição e técnica razoável. Acho um bela sombra pro Léo. Depenendo do esquema podem até jogar juntos. (prefiro eles dois do que colocar o Fierro)

Pet: sem ritmo. O que vai enrolar com ele este ano é uma incógnita. Torço pra que aceite a reserva na boa - mas não acredito muito nisso, e prevejo trovoadas.

Fernando: cada vez fica mais claro que ele é um meia razoável e um mal volante. Pode ser problemático num jogo mais difícil, onde tenha que defender.


Em geral. o principal problema é que vulnerabilidade nas bolas altas ainda é total. Isso na Libertadores é fatal. E isso aliado ao fato de que assim como nos último anos, o caminho pra atacar o Fla é nas costas dos laterais, nos bicos da grande área. Times com pontas ou alas ofensivos e grandalhões na área vai se fartar se a coisa continuar assim. Temo pelo mata-mata, se a gente passar.

Mas no geral, fiquei animado. E fazendo figa pela volta do Maldonado. Fazer um jogo fora sem o Williams faz uma diferença capital. Hoje é o nosso melhor jogador ofensivo (principalmente quando não pensa que é o "Blackenbauer")

quinta-feira, janeiro 21, 2010

2 discos, 6 músicas

Não tenho conseguido parar de ouvir 6 músicas de dois álbuns recentes. Volta e meio ouço outras coisas, que até tenho gostado mas acabo sempre voltando a estas. Curiosamente são as 3 primeiras de dois discos muitos bons. São elas, as 3 primeiras do primeiro EP do Fleet Foxes:

"She Got Dressed"
A muito tempo uma música de pop-rock não me causava tal comoção. Não tenho muito o que falar. É de uma simplicidade direta e de uma intensidade que realmente me arrebata.


"in the hot, hot Rays"
Acabei começando a entrar nesta por conta da anterior. E logo depois, ficando fâ da 2ª parte. Ela é menos exuberante, mas aos poucos vai pegando.


"Anyone who's anyone"
Uma das coisas que mais gosto no FF são os riffs de guitarra. Me soam como que o anti-virtusismo total, são quase fora do tempo às vezes, de tão lentos, lembrando muito o que penso ser surf music (que não conheço nada). Esta canção é o exemplo mais claro disto. A guitarrinha inical é irrestível.




As outras 3 musicas são do Bitte Orca, álbum do Dirty Projectors, de 2009. Eles tocaram por aqui, e por conta da emoção pós-jogo do Flamengo e Corinthians no ano passado (onde o título realmente se desenhou pra nós), acabei perdendo.

As 3 canções me batem parecido, com destaque pra primeira e pra terceira. Uma coisa que foi fatal é a lembrança que me veio do Stando Up, do Jethro Tull, e também de algumas baladas clássicas do tropicalismo e também de algumas coisas doces do Tom Zé. Enfim, aí vai:





(não achei a versão de estúdio desta, mas dá pra ter uma idéia)


ps: Two Doves está correndo por fora, querendo quebrar o título do post. NO rodapé, aí vai:

terça-feira, janeiro 12, 2010

rascunho datado de agosto de 2009



Eu não conheço nada de Tchekov. Não sei se Moscou tem a ver com Tchekhov, se entende bem sua obra. O negócio é que desde que vi o filme em março, eu não largo dele. Não lembro de um filme brasileiro que tenha ressoado tanto em mim. Com os filmes do Coutinho, que gosto muito, nunca tinha acontecido algo deste tamanho.

Moscou fala de cinema. É um filme de pergunta, o que é o cinema, até onde ele vai, do que ele precisa, onde começa o teatro, qual é a interseção entre os dois. O filme começa com o o cinema sendo demolido. Nada mais oportuno, sinto que é justamente isso do que se trata: demolição. É um filme que dialoga com o nada, com um buraco negro, um filme de risco, de beira de abismo de abismo, que está a uma fagulha de não ser nada, de mostrar um bando de atores exagerados falando uns textos sem graça para a câmera. Esse desejo de sair do cinema já é algo que aparece na obra do Coutinho há bastante tempo, de várias formas, desde o Cabra, à cada filme, joga mais coisa fora, depurando e chegando no filme anterior, no teatro. Mas no Jogo há cena onde nos instalamos, há um terreno se demarca.

Nas famosas "regras do jogo" que iniciam senão todos mas a maioria da fase Videofilmes de Coutinho, sente-se aqui uma enorme diferença na sua função. Em Moscou, não adianta nada saber a proposta das 3 semanas e da não montagem. E mais, não adianta nada saber que aquilo "é teatro", e que há um texto preexistente.

Diante de Moscou sou colocado num buraco negro, onde não consigo ficar mais de um instante no mesmo. O filme se estrutura como uma espécie de centro ausente que te desloca o tempo inteiro (acho que talvez isso seja algo próximo a Tchekhov). Não se sabe de que lugar assistir Moscou: observar as performances, compará-las?

nota de 2010: é no mínimo curioso que a peça que que mais me moveu no ano passado seja dirigida pelo Enrique Diaz, que imagino que tenha uma boa parcela de culpa no Moscou