segunda-feira, julho 28, 2008

ontens

A Questão Humana me deixou com uma pulgona atrás da orelha. Não consegui saber onde me colocar diante do filme. O jogo meta-linguístico dele é impressionante e obscuro, às vezes decodifico, às vezes não, e me parece estar aí a questão. A decodificação, o código e a técnica, no caso, do cinema, da comunicação. Parece que o filme quer torcer a linguagem, torcer o cinema por dentro. Me joga pra trás à cada plano, me fazendo reavaliar o meu juízo sobre o anterior. Revisão urgente. (na verdade, todo o filme te pede revisões, do seu lugar como espectador, do seu lugar social, como figura produtora de discursos). É um filme pungentemente político, que questiona nossos lugares na polis. Vou ler os vários textos por aí e voltar a ele, ver se ele me escapa menos. Fiquei bem desorientado após a sessão.

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O Batman é razoável. Bons personagens. Um bom ator se divertindo com o ótimo personagem que o Coringa é e um diretor que não sabe filmar cenas de ação. Um desperdício, me pareceu. Depois de 90 minutos me cansou, daria dois bons filmes de 80 minutos, separando o Duas Caras. Pelo menos é bem melhor que o Begins. Mas não chega perto do Tim Burton de 1989.

sexta-feira, julho 25, 2008

Marionetes da semana

Gostei de conhecer o cinema do Reygadas, depois de tanto ouvir falar. Pretensiosíssimo, mas é bacana alguém que se ache o fodão, uma certa modéstia lugar-comum enche o saco às vezes nas artes. O rapaz quer fazer cinema sagrado. Acho que o Maria do Ferrara resolve esse lance da crença melhor, mas gostei de conhecer o mexicano. è interessante essa dinâmica crueza-controle excessivo no filme. Suscita questões éticas, parece que tudo é em nome do cinema, é preciso deixar o cinema passar, personagens, trama, vida, esperem: o cinema vem aí arrebentar. Por isso ele me parece menos capaz do que pensa que é, mas faz um cinema bom de ver, com alguns bons enquadramentos e às vezes, quando escapa um sopro de vida, quando alguém não é oprimido pelo projeto-artístico-cinematográfico do rapaz, o filme tem ótimos momentos. Pede uma revisão.

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Filme do Chabrol bem bacana. Trama, literalmente: costura, rede de relações. É bacana como as marionetes dele acabam dando a volta, o filme parece ter mais carinho por elas do que o Reygadas mantém com os dele. Isso faz bastante diferença. Dá pra sentir o Chabrol se divertindo. O filme exala um sorriso-a-se-soltar. Gosto do acordo que ele estabelece com a gente, do registro, do nível preciso do faz-de-conta. E que final. Viva os filmes com final!