quarta-feira, outubro 08, 2008

Resposta



Então, Luiz:
tava pensando em escrever rapidamente sobre o assunto e me deste a deixa.
Cada vez venho pensando mais sobre isto que se convém chamar de cinefilia e da minha inabilidade para tal. No festival do Rio, indisponibilidade, pra ser mais exato. Sinto que por um lado nem sinto falta de ver filmes que acharia "bons filmes", e por outro lado, que me fecho numa certa cartilha estética cômoda, tipo "só vejo o que me interessa". Como será que a gente sabe a priori o que nos interessa? Vou na bengala da intuição combinada com disponibilidade pragmática, o que sobra do tempo das obrigações digamos "exteriores".

Dentro deste grupo restrito, ficou comigo " A Viagem do Balão Vermelho" e "Aquele querido mês de agosto", junto com "Praça Saens Pena" e "Noite e Dia". cada um no seu lugar. O filme do Hou é muito impressionante, tendo esse adjetivo quase todos seus sentidos possíveis. Me parece muito difícil e muito arriscado fazer o que ele conseguiu. Um filme muito frágil. Que parece pronto a desfacelar. Uma espécie de cinema-pipa, que precisa da quantidade de vento exata pra se embalar. Um filme pra ver sempre, enquanto houver vento. Só cresceu na revisão. Quanto mais leve estiver para assistí-lo, mais livre e despreocupado, melhor. É muito interessante perceber como o cinema dele sente o cheiro da abstração, ou o aroma da narração e vai pairando na sua corrente própria e plural. É um cinema meio tudo ou nada. Que tem sua delícia neste risco de passar batido e aí sua política.

O filme português é de outra vibração. É um filme que quer tudo, quer todos, e que não podia ser feito por gente experiente e apurada (no sentido do Hou, de quem se arrisca muito, mas que já conhece alguns caminhos), é um filme encantado com o mundo e com o fazer cinema, numa espécie de fagocitação contínua que tem auges de extrema beleza, como na cena do choro-riso. Dá muita vontade de rever. E dá muita vontade de filmar, transparece maravilhamento com o mundo e com os amigos. Dá vontade de mobilizar a "galera". Isso é muito prum filme. Foi uma sessão memorável.

O "Praça Saens Pena" ontem me comoveu bastante. Deu vontade de ligar pra alguém querido. Acho que o filme acerta onde o cinema-Petrobras aqui do Brasa tem errado muito. É lindo o que ele omite. Muito do seu valor acaba sendo negativo em relação ao cinema brasileiro do seu tempo. Não tem sociologia barata. Não tem "Passei uma semana em Paris assistindo Jia Zhang-Ke". Acho um filme muito preciso sem deixar de omitir os dados brabeira do cotidiano carioca. É lindo ver um filme onde ninguém é boneco. Tá virando raridade por nossas bandas.

O "Noite e Dia" carece de revsião., Ainda que não me arrebate como Turning Gate, há uma série de elementos que estão martelando minha cabeça até agora. Tenho a impressão de que ele está se deixando mais. A estrutura do calendário e o aumento da comédia corporal tornaram o filme leve de assistir. E o carisma do protagonista bateu recordes. E muito bacana o pessimismo pastelão (e daí otimismo do coreano).
Dos documentários lá pro DocBlog, ficou só a força do funk que "Favela on Blast" se permitiu mostrar. Isso é um mérito grande. O filme dá vontade de dançar. Escrevi um texto lá onde falo disso melhor.
Vejo o Aoyama hoje, Sad Vacation.
Um abraço saudoso,
Juliano

segunda-feira, outubro 06, 2008

segunda-feira, setembro 22, 2008

pré-lista (à espera da confirmação da Claire Denis)

Lista básica do Festival do Rio 2008 sem brasileiros, quase sem documentários ou Derek Jarman:

Panorama do Cinema Mundial
35 DOSES DE RUM
(35 Rhums)
de Claire Denis. Com Alex Descas, Mati Diop, Grégoire Colin, Nicole
Dogué. França, 2008. 100min.
O viúvo Lionel é condutor de trens e vive num complexo habitacional
com sua filha, Josephine, que criou sozinho. Os dois tem fortes laços
e passam muito tempo na companhia um do outro. Um taxista que começa a
rodar pelo bairro flerta com Josephine e eles passam a sair. Lionel,
por sua vez, atrai a atenção de uma mulher de meia-idade, com quem
tenta marcar um encontro. Quando o namorado de Josephine aceita um
trabalho no exterior e se muda, deixando a moça balançada, Lionel
percebe que a filha está ficando independente e que talvez seja hora
deles confrontarem seus passados.

NA CIDADE DE SYLVIA
(En la ciudad de Sylvia)
de José Luis Guerin. Com Pilar López de Ayala, Xavier Lafitte.
Espanha, 2007. 84min.
Um rapaz viaja à cidade francesa de Estrasburgo em busca de Sylvia,
mulher que conheceu anos antes e por quem se apaixonou. Sentado na
mesa ao ar livre de um café, ele observa pacientemente todas as
mulheres que passam na esperança de encontrar aquela que ama. Munido
de um caderno e um lápis, ele rabisca os rostos e silhuetas das belas
e sensuais moças que vê. Quando finalmente acredita ter encontrado
Sylvia, ele percorre incansavelmente as ruas da cidade atrás dela.
Seleção Oficial no Festival de Veneza 2007.

(LEP) - 12 anos
DOM (28/9) 16:00 Estação Botafogo 1 [EB117]
DOM (28/9) 22:00 Estação Botafogo 1 [EB120]
SEX (26/9) 16:00 Est Vivo Gávea 2 [GV202]
SEX (26/9) 22:30 Est Vivo Gávea 2 [GV205]
SEG (29/9) 14:15 Est Barra Point 2 [BP216]
SEG (29/9) 20:15 Est Barra Point 2 [BP219]

A VIAGEM DO BALÃO VERMELHO
(Le Voyage du ballo23:30n rouge)
de Hou Hsiao-Hsien. Com Juliette Binoche, Simon Iteanu, Song Fang.
França / Taiwan, 2007. 113min.
Susanne vive em Paris com o filho Simon de 7 anos, trabalha com teatro
de marionetes e dá aulas na universidade. Sem tempo pra nada e
consumida na preparação do novo espetáculo, ela contrata a jovem Song
Fang, estudante de Cinema taiwanesa, para cuidar do filho. Juntos,
Song e Simon passeiam pelas ruas da cidade. Além da companhia da babá,
o menino conta com um amigo misterioso que só ele vê: um balão
vermelho que flutua sobre os telhados de Paris. Inspirado no filme Le
Ballon rouge (1956), de Albert Lamorisse. Exibido na mostra Um Certo
Olhar do Festival de Cannes 2007.

(LEP) - 12 anos
TER (30/9) 16:30 Espaço de Cinema 1 [EC127]
TER (30/9) 20:45 Espaço de Cinema 1 [EC129]
QUA (1/10) 14:00 Est Vivo Gávea 5 [GV521]
QUA (1/10) 19:00 Est Vivo Gávea 5 [GV523]
QUI (2/10) 22:15 Est Barra Point 2 [BP235]

INÚTIL
(Wu Yong)
de Jia Zhang-Ke. Documentário. China, 2007. 81min.
Sob o calor da cidade de Cantão, mulheres trabalham em uma fábrica de
tecidos. Em meio às máquinas de costura, seus rostos carregam a
incerteza do futuro. No inverno de Paris, a estilista Ma Ke apresenta
sua nova marca, intitulada Wu Yong (Inútil). Suas roupas feitas à mão
criticam de forma conceitual o mercantilismo da moda. Na empoeirada
Fenyang, uma alfaiataria recebe mineradores que vão reparar os

A MULHER SEM CABEÇA
(La mujer sin cabeza)
de Lucrecia Martel. Com María Onetto, Claudia Cantero, Inés Efrón,
Daniel Genoud. Argentina / Espanha / França / Itália, 2008. 87min.
Verónica dirige em uma estrada. Num momento de distração, ela atropela
algo. Nos dias seguintes, se sente distante, estrangeira às pessoas e
às coisas. Os eventos de sua vida social se sucedem, e Verónica
simplesmente se deixa levar. Até que, uma noite, ela revela a seu
marido que matou alguém. Os dois retornam à estrada e encontram apenas
um cachorro morto. Eles procuram na polícia, mas não há qualquer
notificação. A vida parece entrar de novo nos eixos, porém a
descoberta de um cadáver volta a perturbar a todos. Selecionado para a
Competição Oficial do Festival de Cannes 2008.

(LEP) - 14 anos
SAB (4/10) 17:00 Espaço de Cinema 2 [EC251]
SAB (4/10) 21:30 Espaço de Cinema 2 [EC253]
QUA (1/10) 13:40 Est Vivo Gávea 4 [GV426]
QUA (1/10) 20:30 Est Vivo Gávea 4 [GV429]
DOM (5/10) 19:00 Cine Santa []

AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO
(Aquele querido mês de agosto)
de Miguel Gomes. Com Sónia Bandeira, Fábio Oliveira, Joaquim Carvalho.
Portugal / França, 2008. 150min.
No interior de Portugal, o mês de agosto é marcado por diversas
festividades, com apresentações de grupos musicais tradicionais e
outras atividades típicas. Movido pelo desejo de fazer um filme
ambientado neste universo sobre o relacionamento entre membros de uma
banda, o diretor parte com a sua pequena equipe em busca de um roteiro
e de atores dispostos a interpretar os personagens. Em meio a inúmeras
indecisões e falta de verba, toma forma a história de um triângulo
amoroso formado por um homem, sua filha e o primo da moça. Exibido na
Quinzena dos Realizadores em Cannes em 2008.

(LEP) - 12 anos
SEG (29/9) 16:30 Espaço de Cinema 3 [EC324]
SEG (29/9) 24:00 Espaço de Cinema 3 [EC327]
SEX (26/9) 13:20 Est Vivo Gávea 5 [GV501]
SEX (26/9) 19:00 Est Vivo Gávea 5 [GV503]
SAB (27/9) 22:10 Est Barra Point 1 [BP110]


LA LEONERA
(La Leonera)
de Pablo Trapero. Com Martina Gusman, Rodrigo Santoro, Elli Medeiros.
Argentina / Coréia do Sul / Brasil, 2008. 113min.
Julia tem 26 anos e está grávida. Um dia ela acorda suja de sangue e
descobre em seu apartamento o corpo do pai de seu filho. Incapaz de se
lembrar do que aconteceu, ela é acusada de assassinato e enviada a uma
prisão especial para jovens mães. Julia dá a luz a Tomás atrás das
grades, mas sabe que só poderá guardá-lo consigo até que o menino
complete quatro anos de idade. Apesar de estarem presos, os dois vivem
momentos felizes juntos. Até o dia em que a mãe de Julia reaparece
querendo pegar o neto. Em Competição no Festival de Cannes 2008.

(LP) - 14 anos
TER (7/10) 15:30 Est Vivo Gávea 1 [GV157]
TER (7/10) 19:50 Est Vivo Gávea 1 [GV159]
SAB (4/10) 19:45 Odeon Petrobras [OD050]
SEG (6/10) 17:30 Estação Ipanema 2 [IP218]
SEG (6/10) 22:00 Estação Ipanema 2 [IP220]
QUA (8/10) 21:00 Cine Santa []

A FRONTEIRA DA ALVORADA
(La Frontière de L'Aube)
de Philippe Garrel. Com Louis Garrel, Laura Smet, Clémentine Poidatz,
Olivier Massart. França, 2008. 105min.
A estrela de cinema Carole vive sozinha, pois seu marido Ed trabalha
em Hollywood e passa muito tempo longe de casa. Ao receber o fotógrafo
François, encarregado de fazer uma reportagem sobre ela, os dois
tornam-se amantes. Mas um dia Ed retorna, e eles têm que se separar.
Quando Carole procura novamente François, ele a ignora. Ela acaba num
manicômio e comete suicídio. Um ano depois, François, prestes a se
casar com Eve, tem uma visão de sua ex-amante interpelando-o a se
juntar a ela no mundo fantasmagórico onde agora habita. Em Competição
no Festival de Cannes 2008.

(LEP) - 16 anos
SAB (27/9) 16:45 Espaço de Cinema 1 [EC109]
SAB (27/9) 21:45 Espaço de Cinema 1 [EC111]
SEX (26/9) 15:40 Est Vivo Gávea 1 [GV102]
SEX (26/9) 19:50 Est Vivo Gávea 1 [GV104]

LIVERPOOL
(Liverpool)
de Lisandro Alonso. Com Juan Fernández, Giselle Arrazabal, Nieves
Cabrera. Argentina / Holanda / França / Espanha / Alemanha, 2008.
84min.
Farrel é um homem solitário e desiludido. Faz vinte anos que trabalha
em navios de carga, bebendo até o limite do esquecimento, sem amigos
ou namoradas. Quando o navio aporta em Ushuaia, cidade do extremo sul
da Argentina, Farrel pede ao capitão para descer. Ele deseja descobrir
se sua mãe continua viva. Ao chegar ao vilarejo coberto de neve onde
cresceu, Farrel descobre que sua mãe ainda vive, e que alguém mais
agora faz parte da família. Exibido na Quinzena dos Realizadores do
Festival de Cannes 2008.

(LEP) - 14 anos
DOM (28/9) 17:00 Espaço de Cinema 2 [EC215]
DOM (28/9) 21:30 Espaço de Cinema 2 [EC217]
SAB (27/9) 16:50 Est Vivo Gávea 5 [GV506]
SAB (27/9) 21:50 Est Vivo Gávea 5 [GV508]
SEG (29/9) 21:00 Cine Santa []

PONYO ON THE CLIFF BY THE SEA
(Gake no ue no Poniyo)
de Hayao Miyazaki. Animação. Japão, 2008. 101min.
A peixinha Ponyo vive no fundo do mar com o pai e as irmãs, e sempre
teve muita curiosidade para saber como era o mundo fora dali. Um dia,
pega carona numa água-viva para subir à superfície. Chegando lá, é
capturada por uma rede de pesca e se perde no meio da enorme
quantidade de lixo boiando no mar. Felizmente, é resgatada por Sosuke,
menino de 5 anos que vive num rochedo à beira-mar. Ele promete cuidar
dela pra sempre, mas o pai peixe está determinado a recuperar a filha.
Inspirado em A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen. Em
competição no Festival de Veneza 2008.

(LEP) - Livre
SEX (3/10) 23:45 Espaço de Cinema 1 [EC151]
SEX (3/10) 12:15 Espaço de Cinema 1 [EC146]
QUA (8/10) 14:00 Est Vivo Gávea 5 [GV549]
QUA (8/10) 19:00 Est Vivo Gávea 5 [GV551]

SAD VACATION
(Saddo Bakeishon)
de Shinji Aoyama. Com Tadanobu Asano, Eri Ishida, Aoi Miyazaki, Joe
Odagiri. Japão, 2007. 136min.
Kenji tem um passado trágico. Quando era adolescente, sua mãe
abandonou a família e seu pai cometeu suicídio. Além disso, ele
cometeu um assassinato, e um amigo da Yakuza foi preso em seu lugar.
Hoje, Kenji vive de conduzir bêbados às suas casas e de ajudar
gângsters a transportar imigrantes ilegais. Porém o destino guarda
algumas surpresas: em apenas alguns dias, Kenji conhece a futura mãe
de seu filho e reencontra sua própria mãe, que agora tem uma nova
família. Submetido à força dos laços familiares, ele terá que
enfrentar ao mesmo tempo seu passado e seu futuro.

(LEP) - 14 anos
QUA (8/10) 16:15 Espaço de Cinema 1 [EC181]
QUA (8/10) 21:15 Espaço de Cinema 1 [EC183]

TOKYO SONATA
(Tokyo Sonata)
de Kiyoshi Kurosawa. Com Teruyuki Kagawa, Haruka Igawa, Kyoko Koizumi,
Koji Yakusho. Japão / Holanda / Hong Kong, 2008. 119min.
Aparentemente, esta é uma típica família japonesa. O pai, Ryuhei, é
despedido e esconde o fato de todos. O filho mais velho, Takashi, está
cada vez mais distante do lar. Kenji, o mais novo, está na
pré-adolescência e entra em conflito com os pais em busca de
auto-afirmação. A mãe, Megumi, por sua vez, sente dificuldades em
seguir cumprindo seu papel de força agregadora. Quando Kenji decide
deixar de pagar por sua alimentação escolar para freqüentar um curso
de piano às escondidas, o colapso da família vem à tona. Prêmio do
Júri na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes de 2008.

(LEP) - 14 anos
QUA (8/10) 18:50 Espaço de Cinema 1 [EC182]
QUI (9/10) 14:00 Est Vivo Gávea 5 [GV553]
QUI (9/10) 19:00 Est Vivo Gávea 5 [GV555]
QUA (1/10) 16:00 Est Barra Point 1 [BP127]
QUA (1/10) 22:00 Est Barra Point 1 [BP130]

SUKIYAKI WESTERN DJANGO
(Sukiyaki Western Django)
de Takashi Miike. Com Koichi Sato, Hideaki Ito, Yuseke Iseya, Quentin
Tarantino, Masanobu Ando. Japão, 2007. 121min.
Há séculos, o clã branco Genji, liderado por Yoshitsune, e o clã
vermelho Heike, liderado por Kiyomori, batalham por um lendário
tesouro enterrado em uma remota montanha. Esta guerra permanente
acabou por esvaziar o lugar, que é praticamente habitado apenas pelos
remanescentes dos grupos. Um dia, um estranho sem nome, taciturno e
solitário, chega à cidade. Suas habilidades com a arma são
impressionantes e seus tiros, certeiros. Os dois clãs fazem de tudo
para cooptá-lo para o seu lado da guerra. Mas o forasteiro tem motivos
bem mais profundos para estar naquele lugar.

(LEP) - 18 anos
TER (7/10) 12:30 Espaço de Cinema 2 [EC267]
TER (7/10) 24:00 Espaço de Cinema 2 [EC272]
QUI (9/10) 15:45 Est Barra Point 2 [BP267]
QUI (9/10) 20:15 Est Barra Point 2 [BP269]

GLÓRIA AO CINEASTA
(Kantoku Banzai! )
de Takeshi Kitano. Com Beat Takeshi, Tohru Emori, Kayoko Kishimoto,
Anne Suzuki. Japão, 2007. 104min.
Após anunciar publicamente que não fará mais filmes de gângster, o
cineasta Takeshi Kitano tenta criar um filme que agrade a todos os
gostos e seja um sucesso comercial. De dramas neo-realistas a filmes
de artes marciais, passando por melodramas românticos e pelo terror,
ele tenta de tudo. No entanto, nada dá certo, e os produtores recusam
sucessivamente seus projetos. Quando, enfim, consegue realizar a
última de suas idéias, uma série de eventos imprevisíveis bota em
cheque a vida na Terra. Agora Kitano precisa não apenas terminar seu
precioso filme, mas salvar o planeta.

(LEP) - 14 anos
QUI (9/10) 15:15 Espaço de Cinema 3 [EC389]
QUI (9/10) 23:45 Espaço de Cinema 3 [EC393]
SAB (4/10) 14:00 Palacio 2 [PL235]
SAB (4/10) 18:10 Palacio 2 [PL237]
SEG (6/10) 20:15 Est Barra Point 2 [BP254]

AQUILES E A TARTARUGA
(Akires to Kame)
de Takeshi Kitano. Com Beat Takeshi, Kanako Higuchi, Yurei Yanagi, Reo
Yoshioka. Japão, 2008. 119min.
Desde criança, Machisu, filho de um rico colecionador, sonha em ser
pintor. Obstinado, mas sem talento algum, o menino passa os dias
pintando. Quando o pai morre, Machisu trabalha duro para entrar em uma
escola de arte, onde conhece gente como ele e recebe suas primeiras
críticas negativas. No amor de Sachiko, encontra força para seguir em
frente. Casa, tem uma filha e continua pintando com a ajuda da esposa.
Já velho, Machisu ainda não conseguiu vender um quadro, mas suas
tentativas de obter reconhecimento só se intensificam. Em competição
no Festival de Veneza 2008.

(LEP) - 10 anos
TER (7/10) 17:00 Espaço de Cinema 2 [EC269]
TER (7/10) 21:30 Espaço de Cinema 2 [EC271]
DOM (5/10) 14:00 Est Vivo Gávea 5 [GV537]
DOM (5/10) 19:00 Est Vivo Gávea 5 [GV539]

LES AMOURS D'ASTRÉE ET DE CÉLADON
(Les Amours d'Astrée et de Céladon)
de Eric Rohmer. Com Andy Gillet, Stéphanie Crayencour, Cécile Cassel,
Mathilde Mosnier. França / Itália / Espanha, 2007. 109min.
Em uma bela floresta, no tempo dos druidas, Astrée e Céladon encontram
o amor verdadeiro. No entanto, Astrée é enganada por um pretendente,
que diz ter seu amado a traido. Horrorizada, ela declara nunca mais
querer vê-lo. Céladon, desesperado, se joga no rio. Dado como morto, o
jovem é secretamente salvo por ninfas. Mas, preso às promessas de
nunca mais ver Astrée, ele precisará enfrentar diversos desafios para
quebrar a maldição e, enfim, viver ao lado da sua amada. Inspirado no
clássico L'Astrée, de Honoré d'Urfé (Século XVII). Exibido em
competição no Festival de Veneza 2007.

(LEP) - 14 anos
SAB (4/10) 14:15 Espaço de Cinema 1 [EC153]
SAB (4/10) 19:00 Espaço de Cinema 1 [EC155]
SEG (6/10) 16:30 Est Vivo Gávea 5 [GV542]
SEG (6/10) 21:30 Est Vivo Gávea 5 [GV544]
TER (7/10) 20:00 Est Barra Point 1 [BP159]







quarta-feira, setembro 17, 2008

algumas fotos de um filme bom






" Rua da Mão Dupla" de Cao Guimarães

quarta-feira, agosto 27, 2008

que medeski

No domingo, aniversário do Léo, o Fil me deu o toque de que iria rolar um showzão aqui no Canecão. Um troço chamado "medeski". "Acho que é Medeski, Martin e Wood, um trio". Googles após, chego até a bomba: trio de NY que toca o que eles definem como "avant groove". Relevando o rótulo besta "porém bem preciso", se revelou ao meus ouvidos um som que se esboçava no intrumental do Beastie Boys do Check your Head, mas que poderia definir como tipo-BB-instrumental com a mesma alegria de tocar porém com muito mais capacidade como músicos. Os caras são fodaços e tão aí desde 1992. Ouvi dois discos The Dropped e o Let´s Go Everywhere. Este último, feito pra crianças. Uma pérola. A música-título é uma das coisas mais agradáveis de ouvir e dançar que me chegou aos ouvidos em muito tempo. Achei eles tocando The Train Song pra criançada:

segunda-feira, julho 28, 2008

ontens

A Questão Humana me deixou com uma pulgona atrás da orelha. Não consegui saber onde me colocar diante do filme. O jogo meta-linguístico dele é impressionante e obscuro, às vezes decodifico, às vezes não, e me parece estar aí a questão. A decodificação, o código e a técnica, no caso, do cinema, da comunicação. Parece que o filme quer torcer a linguagem, torcer o cinema por dentro. Me joga pra trás à cada plano, me fazendo reavaliar o meu juízo sobre o anterior. Revisão urgente. (na verdade, todo o filme te pede revisões, do seu lugar como espectador, do seu lugar social, como figura produtora de discursos). É um filme pungentemente político, que questiona nossos lugares na polis. Vou ler os vários textos por aí e voltar a ele, ver se ele me escapa menos. Fiquei bem desorientado após a sessão.

***

O Batman é razoável. Bons personagens. Um bom ator se divertindo com o ótimo personagem que o Coringa é e um diretor que não sabe filmar cenas de ação. Um desperdício, me pareceu. Depois de 90 minutos me cansou, daria dois bons filmes de 80 minutos, separando o Duas Caras. Pelo menos é bem melhor que o Begins. Mas não chega perto do Tim Burton de 1989.

sexta-feira, julho 25, 2008

Marionetes da semana

Gostei de conhecer o cinema do Reygadas, depois de tanto ouvir falar. Pretensiosíssimo, mas é bacana alguém que se ache o fodão, uma certa modéstia lugar-comum enche o saco às vezes nas artes. O rapaz quer fazer cinema sagrado. Acho que o Maria do Ferrara resolve esse lance da crença melhor, mas gostei de conhecer o mexicano. è interessante essa dinâmica crueza-controle excessivo no filme. Suscita questões éticas, parece que tudo é em nome do cinema, é preciso deixar o cinema passar, personagens, trama, vida, esperem: o cinema vem aí arrebentar. Por isso ele me parece menos capaz do que pensa que é, mas faz um cinema bom de ver, com alguns bons enquadramentos e às vezes, quando escapa um sopro de vida, quando alguém não é oprimido pelo projeto-artístico-cinematográfico do rapaz, o filme tem ótimos momentos. Pede uma revisão.

***
Filme do Chabrol bem bacana. Trama, literalmente: costura, rede de relações. É bacana como as marionetes dele acabam dando a volta, o filme parece ter mais carinho por elas do que o Reygadas mantém com os dele. Isso faz bastante diferença. Dá pra sentir o Chabrol se divertindo. O filme exala um sorriso-a-se-soltar. Gosto do acordo que ele estabelece com a gente, do registro, do nível preciso do faz-de-conta. E que final. Viva os filmes com final!

domingo, maio 04, 2008

Ao agradável


Tenho pensado muito na relação de cachorro atrás do próprio rabo que a academia estabelece consigo mesma. Tenho ficado muito desanimado por não conseguir postar nada por aqui. Juntemos o útil ao agradável: vai então o "resumo expandido" que mandei pra tentar apresentar na SOCINE, em Natal, em outubro. Aí vai:

"Jonas Mekas: subjetividade como movimento

Em 1949, o exilado Jonas Mekas chega à Nova Iorque procurando um lugar para se reconstruir, para fincar raízes. Compra uma barata câmera 16mm para gravar suas impressões daquele lugar tão diferente de sua terra natal. Nos anos 60, Mekas se torna figura de destaque dentro do Novo Cinema Americano, atuando como crítico, exibidor e realizador. Porém, o foco o meu trabalho é analisar sua principal obra audiovisual: seus filmes-diário, os “Diaries, Notes&Sketches”. Me ocuparei de como estes filmes funcionam como “invenções de si” e como, neste processo, eles expressam mobilidade, ao invés de fixidez.

Os filmes-diário são constituídos por momentos ordinários. Constituem-se como um fluxo de curtíssimos fragmentos de imagens, entremeados por cartelas, e acompanhados por uma narração em voz over, feita por Mekas anos depois das imagens. O intervalo entre a imagem e o comentário-over chega a 27 anos. Vemos momentos banais enquanto que a voz de Mekas vai revisitando aquelas imagens, às vezes comentando, às vezes divagando, às vezes buscando algum sentido nelas.

A inscrição do autor nestas imagens é mais indireta do que direta. Mekas não está dentro do quadro o tempo todo. Está presente pelo modo como a câmera filma, como intermediário entre o espectador e a cena. Suas imagens são traços de experiência, marcadas pela relação da câmera com as cenas. Seu diário aponta para “fora” para constituir a si mesmo. Os filmes-diário propõem uma maneira de fazer audiovisual em primeira pessoa que se afasta do modelo confessional, que procurava descrever um “interior”, e ocupam-se de um “exterior”, onde é ressaltada a relação que o sujeito-câmera estabelece com este “fora”.

Estes filmes nascem da decisão de transformar filmagens caseiras, cotidianas, em obra. Estão, ininterruptamente, “em produção”. Mekas nunca pára de filmar A partir do momento em que transforma uma ação cotidiana em arte, sua a vida e sua obra passam a se confundir e a se retro-alimentar. Ao mesmo tempo em que cria um sujeito a partir de seus filmes, estes alimentam sua personalidade, sua identidade, pois funcionam como “agentes de memória”, como uma espécie de cérebro que arquiva ou esquece.

Preservar, fixar, guardar: este é o impulso fundamental do documentário segundo a análise de alguns dos seus principais teóricos, como Bill Nichols e Michael Renov. Deste desejo nascem também os filmes-diário de Jonas Mekas. A partir de uma história de sucessivas perdas, gravar suas memórias em filme lhe daria um arquivo fixo, que não mais poderia lhe ser arrancado. Entretanto, com o passar do tempo, com o afastamento temporal daquelas experiências guardadas em emulsão, Mekas percebe o fracasso de guardar através de filme. As experiências vão perdendo seu sentido e passam a se tornar “somente imagens”. Tornam-se a evidência de uma perda, de uma ausência que a passagem do tempo submete todas as coisas. Ele se dá conta que as experiências são contingentes, que estão circunscritas ao momento de sua manifestação.

Partindo do desejo de preservação, esta obra se torna a apresentação de uma perda, de uma ausência. Os filmes se equilibram entre uma retrospectiva do passado irrecuperável e um prazeroso e provisório controle sobre sua reorganização, entre o desejo de retenção na representação e a perda experimentada.

Mesmo fracassando em dar concretude, fixidez, à experiência vivida, a possibilidade da auto-invenção não é anulada. Os filmes funcionam como “depósitos de memória” que passam a ter função, a ter “vida”, na medida em que a revisita (momento da edição/narração) acontece. Nessa “segunda experiência”, Mekas representa a si, se apresenta através dos filmes, como processo, como sujeito em constituição permanente. Não está completamente nem no passado-imagem, nem no presente-voz, ele está entre os dois, sobre a instabilidade desta lacuna entre registros. É nesse movimento contínuo que sua representação do sujeito se baseia, entre passado e presente, entre som e imagem, entre matéria e memória."

sábado, fevereiro 23, 2008

Natureza Selvagem (Sean Penn, 2007)

Fui com a maior boa vontade do mundo ver o filme novo do Sean Penn, Natureza Selvagem (Into the Wild). Gosto dele como ator. Sem acompanhar muito de perto, simpatizo com o figura. Não vi nenhum dos outros dois filmes que ele dirigiu. Mas nunca ouvi alguém falar mal.

Baixei a trilha sonora composta pelo Eddie Vedder e me empolguei. É linda, recomendo. Rise, Hard Sun são as maiores novas canções que ouvi este ano. E o filme começa bem, com as palavras escritas pelo protagonista sobre a imagem, lembrando “Nome Próprio”. Mas o que parecia um recurso interessante em relação ao registro do filme e às anotações do personagem, se revela uma ferramenta de pura “introdução” a história do filme.

E grande parte das coisas acaba funcionando assim dali em diante. O que seria a jornada de um jovem em direção ao desconhecido se torna a fuga de um rapaz totalmente exemplar dos seus pais-american-way-of-life-neuróticos. Penn não deixa a gente nem a gente experimentar aqueles vazios nem deixa o personagem ser outra coisa do que ele parece. O McCAndless-Supertarmp de Penn é desinteressante. E ficar duas horas e meia acompanhando suas desventuras motivadas por seus traumas familiares cansa rapidinho.

A crítica à vida em sociedade proposta por Penn vai por água abaixo na medida em que ele nunca esquece dela, tudo se baseia e se justifica nela, ele não se livra das categorias, dos esquemas pré-determinados da famigerada “society”. A narração onipresente da irmã e os flashbacks da família tornam um filme que tematiza a liberdade um tanto esquemático.

Me fez pensar nos cinema brasileiro. Acho que este filme sofre de problemas parecidos. Mas não sei se é exatamente falta de coragem ou de clareza. Penn não deixa nada desamarrado. Os “clips” do rapaz se divertindo na natureza são a coisa menos pior do filme, ali procura-se uma sensação, a gente chega até aquele personagem por outro lugar, diferente da opressão-dominadora-da-sociedade-competitiva-capitalista. E o filme começa prometendo muito, tem diálogos muito bem filmados, fragmentando os corpos, não dando o todo, me instigou nos primeiros minutos – mas durou pouco. Desculpem o veneno, mas este filme faria o maior sucesso com a galera “E-Brigade”

Além do Vedder – que fica melhor se a gente não tenta entender todas as letras das canções – fica anotado o nome do fotógrafo Eric Gautier no meu caderninho. Ele fez o que pode pra deixar o filme lindo e interessante.


Adendo: curiosamente as críticas americanas que li foram super elogiosas ao filme. E as européias não. Acho que isso diz um pouco sobre as intenções políticas do filme e de uma parte da crítica americana. Não sei exatamente o quê.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

De uma carta

Eu já escrevi esse post algumas vezes. Escrevi sobre Tiradentes, escrevi sobre as peças que vi semana passada, sobre o filme dos Coen, sobre "Sábado à Noite". Entretanto, ontem estourou uma bomba um pouco antes d'eu ir dormir. Peguei no banheiro da minha mãe um livro chamado Encontro Marcado, de Fernando Sabino - de quem eu nunca li nada mas tenho extrema simpatia, indireta, por conta da relação dele com a Clarice Lispector, e em proporção muito menor, por eu achar que ele era também capixaba como eu, o que não é verdade. Abri o livro e me deparei com o seguinte texto que quero deixar pra abrir o ano neste blog, com desejos de que seja um ano fértil neste cantinho virtual. Foi um baque ontem pra mim me deparar com este trecho. Aí vai o epígrafe de Encontro Marcado (1956):

"
O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo em sua liberrérima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece seu nome"

(De uma carta de Hélio Pellegrino)