sexta-feira, julho 25, 2008

Marionetes da semana

Gostei de conhecer o cinema do Reygadas, depois de tanto ouvir falar. Pretensiosíssimo, mas é bacana alguém que se ache o fodão, uma certa modéstia lugar-comum enche o saco às vezes nas artes. O rapaz quer fazer cinema sagrado. Acho que o Maria do Ferrara resolve esse lance da crença melhor, mas gostei de conhecer o mexicano. è interessante essa dinâmica crueza-controle excessivo no filme. Suscita questões éticas, parece que tudo é em nome do cinema, é preciso deixar o cinema passar, personagens, trama, vida, esperem: o cinema vem aí arrebentar. Por isso ele me parece menos capaz do que pensa que é, mas faz um cinema bom de ver, com alguns bons enquadramentos e às vezes, quando escapa um sopro de vida, quando alguém não é oprimido pelo projeto-artístico-cinematográfico do rapaz, o filme tem ótimos momentos. Pede uma revisão.

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Filme do Chabrol bem bacana. Trama, literalmente: costura, rede de relações. É bacana como as marionetes dele acabam dando a volta, o filme parece ter mais carinho por elas do que o Reygadas mantém com os dele. Isso faz bastante diferença. Dá pra sentir o Chabrol se divertindo. O filme exala um sorriso-a-se-soltar. Gosto do acordo que ele estabelece com a gente, do registro, do nível preciso do faz-de-conta. E que final. Viva os filmes com final!

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