quinta-feira, janeiro 21, 2010

2 discos, 6 músicas

Não tenho conseguido parar de ouvir 6 músicas de dois álbuns recentes. Volta e meio ouço outras coisas, que até tenho gostado mas acabo sempre voltando a estas. Curiosamente são as 3 primeiras de dois discos muitos bons. São elas, as 3 primeiras do primeiro EP do Fleet Foxes:

"She Got Dressed"
A muito tempo uma música de pop-rock não me causava tal comoção. Não tenho muito o que falar. É de uma simplicidade direta e de uma intensidade que realmente me arrebata.


"in the hot, hot Rays"
Acabei começando a entrar nesta por conta da anterior. E logo depois, ficando fâ da 2ª parte. Ela é menos exuberante, mas aos poucos vai pegando.


"Anyone who's anyone"
Uma das coisas que mais gosto no FF são os riffs de guitarra. Me soam como que o anti-virtusismo total, são quase fora do tempo às vezes, de tão lentos, lembrando muito o que penso ser surf music (que não conheço nada). Esta canção é o exemplo mais claro disto. A guitarrinha inical é irrestível.




As outras 3 musicas são do Bitte Orca, álbum do Dirty Projectors, de 2009. Eles tocaram por aqui, e por conta da emoção pós-jogo do Flamengo e Corinthians no ano passado (onde o título realmente se desenhou pra nós), acabei perdendo.

As 3 canções me batem parecido, com destaque pra primeira e pra terceira. Uma coisa que foi fatal é a lembrança que me veio do Stando Up, do Jethro Tull, e também de algumas baladas clássicas do tropicalismo e também de algumas coisas doces do Tom Zé. Enfim, aí vai:





(não achei a versão de estúdio desta, mas dá pra ter uma idéia)


ps: Two Doves está correndo por fora, querendo quebrar o título do post. NO rodapé, aí vai:

terça-feira, janeiro 12, 2010

rascunho datado de agosto de 2009



Eu não conheço nada de Tchekov. Não sei se Moscou tem a ver com Tchekhov, se entende bem sua obra. O negócio é que desde que vi o filme em março, eu não largo dele. Não lembro de um filme brasileiro que tenha ressoado tanto em mim. Com os filmes do Coutinho, que gosto muito, nunca tinha acontecido algo deste tamanho.

Moscou fala de cinema. É um filme de pergunta, o que é o cinema, até onde ele vai, do que ele precisa, onde começa o teatro, qual é a interseção entre os dois. O filme começa com o o cinema sendo demolido. Nada mais oportuno, sinto que é justamente isso do que se trata: demolição. É um filme que dialoga com o nada, com um buraco negro, um filme de risco, de beira de abismo de abismo, que está a uma fagulha de não ser nada, de mostrar um bando de atores exagerados falando uns textos sem graça para a câmera. Esse desejo de sair do cinema já é algo que aparece na obra do Coutinho há bastante tempo, de várias formas, desde o Cabra, à cada filme, joga mais coisa fora, depurando e chegando no filme anterior, no teatro. Mas no Jogo há cena onde nos instalamos, há um terreno se demarca.

Nas famosas "regras do jogo" que iniciam senão todos mas a maioria da fase Videofilmes de Coutinho, sente-se aqui uma enorme diferença na sua função. Em Moscou, não adianta nada saber a proposta das 3 semanas e da não montagem. E mais, não adianta nada saber que aquilo "é teatro", e que há um texto preexistente.

Diante de Moscou sou colocado num buraco negro, onde não consigo ficar mais de um instante no mesmo. O filme se estrutura como uma espécie de centro ausente que te desloca o tempo inteiro (acho que talvez isso seja algo próximo a Tchekhov). Não se sabe de que lugar assistir Moscou: observar as performances, compará-las?

nota de 2010: é no mínimo curioso que a peça que que mais me moveu no ano passado seja dirigida pelo Enrique Diaz, que imagino que tenha uma boa parcela de culpa no Moscou