sábado, dezembro 05, 2009

sobre alguns curtas da avant-garde americana

little stabs of hapiness (ken jacobs) 8/10

go, go, go (marie menken) 7/10


bridges-go-round (shirley clarke) 8/10

Os filmes não abstratos da turma da vanguarda americana me parecem oscilar sempre entre um certo entusiasmo imanente, de celebração das coisas por elas mesmas e do seu potencial de vida, e, do outro lado, uma profunda melancolia, um profundo desencantamento, muito próximo ao que sinto no cinema marginal daqui por exemplo (símbolo disso sendo a coisa do udigrudi...).

Curiosamente, no que jávi, os filmes feitos por mulheres me parecem ser mais contagiados pela primeira força que citei, e os dos homens pela segunda (não imagino porque). O filme de Jacobs, me parece exemplar neste sentido. Vai de uma certa cena, que poderia ser a primeira do fim do mundo, como a primeira de um mundo novo, pós-fim-do-mundo, onde fica-se no limite entre a inocência e a avacalhação, pra daí ir em direção ao ar ivre, e ser cada vez mais contaminado pelo vento, por algo que pode entrar no quadro, por alguma vida que adentrar o ambiente claustrofóbico e descrente. Sem abandonar esta "happiness" particular, encarnada no último trecho por Jack Smith sugando um balão (!).

Apesar da fama que percebi que o filme da Menken tem dentro da historiografia do movimento, pelo número de referênicas, me pegou muito mais o filme da Clarke, por de fato conseguir instaurar uma experiência mais sensorial, de movimento puro, a partir de material fotográfico, figurativo, de alguma forma dando vida àquela arquitetura, dando-lhes movimentos, exacerbando o que é de fato a razão da arquitetura e das pontes, celebrando as formas sem tirá-las do mundo, celbrando sua mundaneidade (outro dia, nuim filme do Joe, vi uma palavra inglês que adorei - apesar de não saber exatamente seu significado - : worldly). O filme tem 2 opções de trilha. A eletrônica me parece mais forte, pela maneira como aumenta mais esta tensão entre distância e proximidade da experiência cotidana que o filme propõe. O que mais gosto do filme da Menken é ela dando um alô no começo e um tchau no final, refletindo no vidro, nos créditos. No mais, talvez por culpa da publicidade, me parece um filme que envelheceu mal. Sinto que ela não se mistura tanbto ao que filma, apesar do movimento do seu ponto de vista no filme. Na vanguarda, a coisa que dispara tudo, me parece ser este "estar na cena", este viver este estado para além do filme, sendo ele só um produto da coisa. O filme dela me parece distante. O que já vi dela me envolveu mais. Um que é sobre um jardim e a batalha de bolex fodaça com o warhol.







Aqui abaixo, o filme da Marie Menken

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